Cielo arranca ouro histórico nos 50m

Postado por Suh sábado, 1 de agosto de 2009

Foram duas batidas no peito, que àquela altura já estava todo avermelhado. O sinal da cruz se repetiu quatro vezes, e o dedo indicador não parava de apontar para o céu. César Cielo tinha acabado de plantar uma certeza no Foro Itálico: quando os grandes estão dentro d'água, ninguém é mais rápido que ele. Após conquistar o ouro nos 100m livre, o brasileiro voltou a bater primeiro neste sábado, desta vez nos 50m, repetindo o feito dos Jogos de Pequim.

Com o tempo de 21s08, o recorde mundial não veio – "apenas" o do campeonato. O francês Frédérick Bousquet continua sendo o dono da melhor marca (20s94), mas ainda não foi desta vez que ele conseguiu bater na frente do brasileiro. Em Roma, Bousquet ficou com a prata (21s21), e o também francês Amaury Leveaux conquistou o bronze (21s25). Cielo não apenas repetiu a vitória de Pequim como baixou seu tempo em relação aos Jogos (21s30).

- Eu não esperava isso depois das Olimpíadas. Nos 50m, é pura cabeça. Eu estava com a cabeça boa hoje, e agora quero comemorar muito. Quero festejar com todo mundo que me ajudou. A sensação de ter a torcida junto é muito boa. Estou na Itália, mas a sensação é de estar em casa. É espetacular. Isso é a realização do sonho – afirmou ao deixar a piscina

Cielo passa a ser o primeiro nadador do país a conquistar duas medalhas de ouro em um Campeonato Mundial. Além disso, crava seu nome na galeria dos grandes ao dividir com o russo Alexander Popov o feito de ganhar os ouros olímpico e mundial nos 50m. Até o rival Bousquet, dono da melhor marca do planeta, reconhece quem é o mais rápido das piscinas hoje:

- Não acho que exista hoje um atleta melhor que Cielo na piscina. O que o faz ganhar é a determinação. É o tipo de atleta que acredita nele mesmo - elogiou o nadador francês.

E a cada pódio de Cielo, renova-se a batalha entre o nadador e as lágrimas. Desta vez, ele se esforçou para manter o sorriso aberto o tempo todo, sabendo que as arquibancadas torciam pelo choro. A emoção se impôs já no fim do Hino Nacional. Com a câmera da TV italiana fechada no rosto do campeão, ele cerrou os olhos e uma lágrima tímida se soltou. Só para manter o protocolo.

As risadas logo voltaram. Cielo saiu do pódio e subiu os degraus ao lado da piscina para procurar a família. Ganhou o beijo da mãe, Flávia, e desceu para as fotos oficiais ao lado de Bousquet e Leveaux.

Se a choradeira não foi tão gritante como na cerimônia de premiação dos 100m, na quinta-feira, pode ser um sinal de que as conquistas de Cielo avançam mais rápido que a sua capacidade de produzir lágrimas.

0 comentários

Postar um comentário

Chat